Desde miúda que sempre senti que a minha vida seria fascinante, não sabia em quê, como ou porquê, mas sabia que na vida haveria mais do que estudar, trabalhar e começar uma família.

Sempre senti que existia algo mais dentro de mim que precisava de ser descoberto e que quando assim fosse, eu sentiria que tinha atingido a minha plenitude e o meu propósito.

Em pequena, passava horas a saltitar entre actividades, dançava, cantava, criava histórias, elaborava cenários com barbies que passeavam pelo corredor a alta velocidade a conduzir camiões e carros polícia.

Era a única miúda da minha rua e do meu colégio que tinha a mesma quantidade de barbies quanto de carros e ferramentas, talvez também a mais afortunada por ter crescido num lar em que nunca me orientaram os brinquedos que devia ter.

Este acesso a todas as coisas foi desenvolvendo a minha curiosidade, quando uma criança tem espaço para escolher, para fazer e para ser, ela torna-se mais corajosa, aventureira e interessada pelo mundo.

Desenvolver-me num ambiente “sem limites” foi-me desde cedo incutindo esta saudável insanidade de desmontar crenças e desconstruir “realidades”.

Mas como é que a história da minha infância se relaciona com o descobrir do meu propósito? Em tudo.

Há uns tempos, num formação em Londres, foi-me pedido que me transportasse para a nossa infância, para as coisas que fazia vezes e vezes sem conta e tentasse fazer um paralelismo com o que gosto de fazer hoje em dia. No meu caso, fez-se luz, foi tão rápido, tão simples, esteve sempre lá.

Fui uma miúda que cantava, escrevia músicas, poemas para mim e para as minhas amigas que estavam a passar por momentos difíceis. Sempre que podia sentava a minha família no sofá, punha-me em cima da mesinha do café e lia-lhes os meus poemas, as minhas histórias, cantava-lhes as minhas músicas.

O meu propósito está desde sempre relacionado, com pessoas, com relações, com acréscimo de valor, com impacto positivo, com palavra, voz e espectáculo.

Há poucos sítios em que me sinta mais feliz que num palco, a partilhar ideias, histórias, a desafiar, a criar pontes e a devolver alguma esperança sustentada aos que me ouvem.

Esse é o meu propósito.

11 perguntas que me ajudaram não só a identificar o meu propósito como também me orientaram para viver segundo ele.

  1. Na tua opinião, qual é o grande propósito da existência da humanidade?
  2. O que acreditas ser a diferença entre viver plenamente e simplesmente existir?
  3. Em que momentos da tua vida te sentiste mais preenchido e pleno?
  4. No que tens sido consistente no tempo?
  5. Que hobbies e actividades te colocam em “flow” e te fazem sentir que podias fazê-los o dia inteiro sem te aborreceres?
  6. Que características da tua personalidade as pessoas referem como mais admiráveis?
  7. Se tivesses que ensinar alguma coisa a alguém o que ensinarias?
  8.  Se a partir de hoje só tivesses um ano para viver o que farias?
  9. Se tivesses o poder de mudar alguma lei, qual seria e porquê?
  10. Que causa, produto ou serviço, acreditas tão fortemente que adoraria seres porta-voz?
  11. Qual é o teu “big why?” / a tua grande razão.

Não é mandatário que encontres o teu propósito. Sobretudo se não te sentires à procura de um, mas reflectires sobre ti deve ser sempre a tua prioridade.

Cristina Nogueira da Fonseca