Desde miúda que sinto que a minha vida seria fascinante, não sabia em quê, como ou porquê, mas sabia que na vida haveria algo mais que trabalhar, comprar uma casa e esperar pelas férias seguintes.

Sempre senti que a minha vida seria fascinante, sei que pode parecer uma daquelas frases que utilizamos como prognóstico pós-jogo, mas a verdade é que sempre senti que tinha vindo ao mundo para concretizar algo.

Sentia que existia algo mais dentro de mim que precisava de ser descoberto e que quando assim fosse, sentiria que tinha atingido a minha plenitude e o meu propósito.

Aos 6 anos já passava horas a saltitar entre actividades, era a única miúda do meu colégio que tinha a mesma quantidade de barbies quanto de carros, que fazia ballet e adorava jogar andebol.

Tive o privilégio de ter uma educação da “permissão”, foi-me permitido o acesso às mais variadas dimensões e acima de tudo, lembro-me de sempre me terem feito sentir que “tinha escolha”, que podia e devia escolher.

Este acesso e permissão desenvolveu-me a curiosidade e a bravura, quando uma criança tem espaço para escolher, para fazer e para ser, ela torna-se mais corajosa, aventureira e interessada pelo mundo.

Desenvolver-me num ambiente “sem limites”, mas com regras, foi-me desde cedo incutindo esta saudável insanidade de desmontar crenças e desconstruir “realidades”.

Mas como é que a história da minha infância se relaciona com a descoberta do meu propósito? Em tudo.

Há tempos, em Londres, numa formação, foi-me pedido que me transportasse para a infância, para as coisas que fazia vezes sem conta e fizesse um paralelismo com o que gosto de fazer hoje.

E reencontrei-me.

Em miúda, cantava, escrevia e sempre que podia sentava a minha família no sofá, fazia da mesa de café o meu palco e declamava-lhes os poemas, as histórias, as músicas.

O meu propósito são as pessoas, as relações, a criatividade, a partilha, o acréscimo de valor, o impacto positivo criado através da palavra, da voz e do amor.

Há poucos sítios em que me sinta mais feliz que em sala, a partilhar ideias, histórias, a desafiar, a criar pontes, a devolver a esperança sustentada e a desenvolver opções.

Mostrar caminhos. É esse o meu propósito.