É verdade que a palavra felicidade está na moda.
Também é verdade que ainda soa estranha quando aplicada ao contexto empresarial, que na sua natureza permite pouco espaço para algo na sua essência tão emocional e subjectivo quanto a felicidade.
Mas afinal o que é a felicidade?
Nos tempos de Aristóteles a felicidade incorporava dois aspectos, o prazer (hedonica) e uma vida bem vivida (eudaimonia), na psicologia contemporânea ela é definida como um prazer simples e significativo e Martin Seligman, o pai da Psicologia Positiva acrescentou recentemente novos constructos à definição de felicidade, envolvimento numa vida significativa e positiva no trabalho, amigos, família e contigo.
Algumas das informações mais esclarecedoras sobre a Felicidade são que ela não é uma coisa esotérica alcançável pelo alinhamento dos planetas, nem algo divino que está apenas na mão de Deus, mas antes um capital individual e facilmente influenciável.
Na verdade a felicidade é algo bem mais fácil de medir que de definir, não existe uma definição singular e universal o que faz com que ela possa ser tudo e esse é um terreno demasiado abrangente e de difícil mensuração imediata, tudo isto faz com que para as empresas apesar de ser um tema interessante e um factor diferencial seja também desafiante pela imensidão de dimensões que impactam a felicidade dos colaboradores.
Os neuro-cientistas apresentam-na como “um músculo” que necessita de exercício regular, estímulos positivos e força de vontade, como uma fonte de energia e resiliência mas sempre direccionada para objectivos. Para quem continue a considerar que estamos a dar uma relevância despropositada a um factor intangível, há um paralelismo a considerar com a economia, que faz depender o seu crescimento de algo tão humano quanto a confiança.
Entretanto também os últimos estudos levados a cabo por Harvard sobre esta temática vêm mudar totalmente a forma como encaramos o bem-estar dos colaboradores em mais dimensões do que a aferida pelos tradicionais inquéritos de Satisfação, apresentando-nos a felicidade num contexto mais holístico, como sendo o motivo pelo qual empresas se tornam mais sólidas e competitivas e os seres humanos que nelas trabalham mental e fisicamente saudáveis e felizes, bastando para isso investir no re-mapeamento do pensamento positivo, na construção de redes, relações de confiança e no treino mental e emocional suportado numa abordagem estruturada e sistemática.
As empresas que de forma casual ou consciente e programada conquistaram dias de trabalho felizes ganham vantagem competitiva quando comparadas com as que ainda não atingiram esse patamar. Eis as quatro principais razões sustentadas pela investigação.
Razão N.º 1 – Criatividade e foco na solução:
Colaboradores felizes são mais criativos, trabalham de forma mais autónoma, a autonomia só por si é motivadora e um excelente incitamento e inspiração para os negócios. São também por isso mais pro-activos, sentem as dificuldades como desafios, são menos resistentes a mudanças encarando-as como mecanismos de aprendizagem, propõem soluções para questões que estão fora do seu âmbito de actuação. São mais motivados ora porque têm a competência para se auto-motivarem ora porque têm líderes que dominam a arte de saber o que motiva os seus colaboradores.
Razão N.º 2 – Relacionamentos positivos e impulsionadores:
Colaboradores felizes trabalham melhor em equipa, são mais receptivos a pontos de vista diferentes, confiam no poder do todo, pedem ajuda, impulsionam mudanças. Se os colaboradores não se sentirem apoiados pela organização, pelo chefe ou pelos colegas, dificilmente confiarão e dificilmente se envolverão a um nível significativo, a voz existe e os colaboradores sabem que mesmo não sendo uma democracia, a sua opinião importa.
Para se ter os colaboradores que querem as empresas precisam de ter os líderes que os colaboradores precisam, líderes que conseguem combater as quatro grandes barreiras à cooperação e envolvimento de equipas, distância, domínio, dissonância e desconforto.
Ter em atenção os sentimentos dos colaboradores não são é bom para a moral, como é bom para o negócio.
Razão N.º 3 – Paixão e Saúde
A falta de compromisso e identificação com a missão, objectivo e função na empresa são apontados como os maiores motivos para o absentismo, as baixas médicas (custos directos), ou ainda o estado de preseinteismo (custos indirectos) quando um colaborador está apenas fisicamente nas instalações da empresa, não produzindo ou acrescentando valor.
Colaboradores felizes identificam-se mais com os valores, missão e cultura da empresa, faltam menos, adoecem menos, os colaboradores são a maior despesa para as pequenas e médias empresas, sobretudo quando estão doentes, quando se atrasam ou quando faltam, o que segundo um estudo canadiano é comum a 1/4 dos colaboradores das empresas,A “ciência da infelicidade” diz-nos que o absentismo relaciona-se mais com questões de identificação, satisfação e burnout que com situações de doença efectiva.
Razão N.º 4 – Produtividade
A sabedoria convencional diz-nos que se as empresas pagarem o suficiente aos seus colaboradores, eles serão suficientemente produtivos, mas na realidade a remuneração e regalias já deixaram de ter o poder motivacional que outrora tinham, a maioria de nós conhece pessoas que deixaram empregos onde eram bem pagos ou outros que recusaram empregos em que passariam a ganhar bem mais, tudo porque o desafio não era suficiente para os levar para o nível de satisfação profissional que procuravam, esta evidência é reforçada pelas pesquisas que vêm correlacionar a produtividade dos colaboradores com a sua felicidade e satisfação, bem mais que do que com a sua remuneração.
A Universidade de Warwick concluiu que a felicidade conduz a um aumento de 12% na produtividade dos colaboradores tendo em casos como o da Google esse aumento chagado aos 37%. E se um colaborador feliz produz mais, um colaborador infeliz produz menos.
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