É precisamente por não identificarmos esta como uma época de felicidade, que devemos insistir nela.

Quando estamos bem, falar de felicidade torna-se desnecessário, quando não estamos falar de felicidade torna-se quase ofensivo.

Entendamos. É precisamente quando não estamos bem que mais falta nos fazem as competências para a felicidade, a resiliência, o optimismo, a coragem, a esperança e o perdão.

Nos últimos meses em happytown, (desde Março) assistimos a duas realidades distintas, clientes que quiseram fornecer aos seus colaboradores as melhores condições e oportunidades possíveis e de forma determinada investiram em acções que aumentassem o bem-estar nestas circunstâncias novas para todos, por contrapartida, outros clientes, apesar de envolvidos com a felicidade no trabalho, tanto ao nível da crença quanto das políticas, sentiram que o melhor seria fazermos um pause no tema da felicidade, até ver…

Compreendo, é difícil continuarmos a alocar tempo e dinheiro a algo que nos parece difícil, mas quando o tema é felicidade é precisamente quando ela nos parece difícil que devemos insistir. É nesta altura que nos devemos focar no que é importante, felicidade no trabalho, não são só as bolas de Berlim, as massagens e os team buildings, felicidade no trabalho é sobretudo sobre saúde mental.

Promover a felicidade é simples, difícil é sermos simples, mas comecemos por:

  1. Ponto de partida honesto. É fundamental que os motivos na base da construção do conceito de empresa feliz seja o mais importante, as pessoas e não apenas os rankings e a construção de uma marca socialmente percepcionada como boa para se trabalhar. Esta é uma premissa muito importante, a honestidade do caminho é imprescindível.
  2. Coerência. A cultura de felicidade tem de ser sentida de forma continua na cultura e clima da empresa, não pode ser uma bandeira que se acena em momentos de conveniência.
  3. Priorizar as relações. As relações emocionais e sociais construídas no nosso local de trabalho são fundamentais para a construção de um comprometimento emocional positivo entre o colaborador e a empresa e a sua função. É prioritário investir na qualidade das relações humanas.
  4. Fomentar e comunicar os resultados. A noção de que estamos a evoluir, a crescer, a fazer bem é fundamental para a construção de um bom motto e para o surgimento do nosso “bom génio”. Quando nos sentimos número, quando não temos feedback ou feedforward, construímos a percepção de que somos desvalorizados e a nossa dedicação pouco apreciada.

E não nos esqueçamos que as empresas não personificam, as empresas são compostos de pessoas, com crenças, objectivos e propósitos distintos, mas onde compete a todos trabalhar e implementar uma cultura de respeito e aqui o papel determinante é das lideranças. Um colaborador vai espelhar o comportamento do seu líder, por isso torna-se simples, temos de começar por dar o que queremos colher.

Porquê investir na felicidade no trabalho?

Porque a investigação e os case-studies nos dizem que financeiramente é a coisa esperta a fazer, mas sobretudo, porque moralmente é a coisa certa a fazer.

Artigo publicado na revista:
HUMAN número 127, Setembro-Outubro de 2020.