O consumo viciante de auto-ajuda tem disparado nos últimos anos, a necessidade dos indivíduos em responder às pressões sociais e a sua busca pelo status, riqueza, poder e sucesso revelam-se na oferta no mercado, de obras e pessoas que prometem fazer-nos ricos, lindos, poderosos e famosos.
Além disso as grandes mudanças nos comportamentos sociais, culturais, o aumento exponencial de um sem fim de oportunidades e possibilidade, e também, o afastamento do individuo de religiões, como as de orientação católica-cristã, faz similarmente com que as pessoas precisem e procurem cada vez de mais manuais ou pessoas que possam seguir.
Procuramos cada vez mais ser felizes, queremos sê-lo porque a toda a missão e máquina humana está preparada, para nos potenciarmos em orgasmos múltiplos de felicidade, queremos porque hoje até a felicidade se apresenta mais ao nosso alcance e tanta ao nosso lado, nas redes sociais, por exemplo a maioria das pessoas que conhecemos tem uma vida boa, e faz um advertising continuo à sua felicidade.
Esta vontade imensa e pressão constante, tanto interna quanto externa, faz com que se sinta a felicidade como algo cada vez mais difícil de atingir e sobretudo de manter e é esta abstinência de felicidade, que torna propicia e ansiada, a multiplicação de obras de auto-ajuda que acabam compradas às resmas e os seus respectivos gurus, que surgem com planos para 7, 12 ou 28 dias para subirmos na carreira, para termos dinheiro, para ficarmos mais magros e para sermos mais felizes.
Há semelhança de todas as religiões, os gurus da auto-ajuda trabalham em cima da fé mítica, do acreditar sem ver, criam um clima de romance e envolvimento e os bons gurus de auto-ajuda, tem mesmo a capacidade de estimular o lado direito do nosso cérebro, responsável pelas emoções e pelo prazer e fazem-no porque conseguem ter connosco uma conversa como as que temos com as pessoas que confiamos, que ouvimos, a quem damos razão, mas que depois delas saírem do sofá lá de casa, não sabemos como raio vamos por em prática todos aqueles conselhos.
Esse é a meu ver, a principal falha dos livros de auto-ajuda e seus dos gurus, trabalhar em cima de crenças e padrões de comportamento é muito mais do que seguir em frente e dizer “tu consegues”, é olhar para trás, perceber os mecanismos internos, as motivações e crenças de cada um e começar caminho a partir daí.
Auto-ajuda como o nome indica, deve assentar na capacidade do eu, na minha capacidade em criar as condições para florescer, deve ser feita a partir de uma abordagem reflexiva, analítica , empírica e operativa e é isso que distingue a auto-ajuda-vodu-romance da ciência empírica da felicidade.
A diferença entre o dizer “faz” e trabalhar num método sustentado para que “faças”.
A Felicidade é hoje uma ciência, investigada, testada e transformada em método, modelo construído entre a modernidade de Kierkegaard, o individualismo e a construção do self de Nietzsche, a psicologia positiva do Martin Seligman e os estudos e artigos dos mais conceituados médicos, filósofos, educadores, psicólogos, psicanalistas, neuro-cientistas e outros tantos profissionais que ao longo da história, têm contribuído com validade científica às perguntas:
- o que nos faz florescer
- que dimensões contribuem para o nosso equilíbrio
- que retorno têm as empresas com a felicidade dos seus colaboradores
- como se avalia essa felicidade
e acima de tudo
- como se transformam/tornam as empresas felizes?
As empresas florescem quando as pessoas que lá trabalham florescem, produzem, crescem e torna-se felizes quando as suas pessoas o são.
A felicidade individual e empresarial não brota só de um entusiasta “bora lá ser feliz” é um caminho sério e responsável, todos os caminhos que são iniciados em necessidade, são caminhos que devem mais que todos os outros assentar em compromisso e conhecimento.
A ciência aplicada à felicidade empresarial, assenta na compreensão da dimensão sistémica e no principio do contágio positivo, no assessment rigoroso do que valorizam para florescerem as minhas pessoas,as minhas equipas e os meus departamentos, assenta na avaliação do “têm as minhas pessoas, tanto individualmente como por parte da empresa as condições necessárias para terem sucesso?”, na necessidade de se desenvolverem contextos de training únicos em que se possa na realidade adquirir novo valor e aperfeiçoar competências.
A felicidade aplicada às empresas precisa também da identificação e da construção de métricas únicas e exclusivas consoante os contextos de trabalho, as funções, os objectivos e as equipas, de forma a que os gestores e líderes tenham forma de monitorizar continuamente, a satisfação e a manter no positivo o capital psicológico das suas pessoas, que são toda a empresa.
Empírico e científico.
O resto é romance.
Artigo publicado em: www.inforh.pt
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